A GÊNESE
O Laboratório de Apoio Desenvolvimento Tecnológico (LADETEC) é uma holding de laboratórios pertencentes ao Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IQ-UFRJ). Sua estrutura foi montada em 1984 a partir da constatação da enorme carência no País, por análises de qualidade em Cromatografia Gasosa de Alta Resolução (CGAR) e seu acoplamento à Espectrometria de Massas computadorizada. Estruturado como apoio aos laboratórios de cromatografia, espectrometria de massas e geoquímica, seu surgimento foi estratégico numa época em que esta tecnologia estava em fase de crescimento.
O relatório da Comissão de Espectrometria de Massas (RENEM) em 1982, mostrou que no Brasil existiam 54 espectrômetros de massas, em sua maior parte parados devido à falta de manutenção que era quase impossível para as universidades brasileiras. Outras constatações deste relatório foi a formação de operadores desta tecnologia e o incentivo à pesquisa nessa área. Nesse mesmo ano criou-se o Laboratório de Preparação de Colunas Capilares, depois transformado no Laboratório de Preparação de Colunas e Cromatografia com o objetivo de desenvolver e disseminar a prática de CGAR pelo país. Começou como fábrica artesanal de colunas capilares de vidro que dava suporte técnico para os demais Laboratórios Associados e a outros grupos de pesquisa e empresas. Hoje, uma reestruturação o transformou no Laboratório de Pesquisa em Cromatografias e Colunas (LPCC). A alteração do nome pretende enfatizar sua atuação em diferentes processos cromatográficos, bem como às diversas formas se emprego em Química Analítica.
Em pouco tempo, o LADETEC se tornou um mecanismo de apoio a mais de 80 grupos de pesquisa cientificas e industriais, entre entidades públicas e privadas. Passou a gerar recursos para a manutenção de boa parte de suas atividades de pesquisa, bem como apoiar grupos acadêmicos que não dispõem de recursos para fazer análises ou manter estrutura analítica adequada.
Nossa atuação na interface universidade-empresa-qualidade-sociedade é exemplo prático de empreendedorismo, garantia da qualidade e utilização do parque de equipamentos em sistema de multiusuários indiscriminados.
Essa iniciativa ganhou respaldo em 1986 pelo apoio da FINEP ao projeto aprovado em edital da fase de testes do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT), voltado à Unidades Prestadoras de Serviços, às quais por força do edital deveriam buscar sua auto sustentabilidade após o término do projeto. O projeto foi avaliado pela FINEP, gestora do PADCT, como um dos projetos de sucesso na fase de testes, que serviram para justificar as novas etapas do programa.
Os primeiros serviços e projetos de P&D foram com o Setor de Geoquímica do CENPES – PETROBRAS, bem como com empresas dos polos petroquímicos de Camaçari (Ba), Triunfo (RS) e Mauá (SP) e o polo industrial de Resende (RJ).
A partir de 1988 o LADETEC iniciou a operação em 3 turnos, 7 dias por semana, garantindo 24 horas de funcionamento. Uma logística extremamente complexa para a época. A Ilha do Fundão isolada e praticamente deserta à noite e de acesso muito limitado. Os técnicos dos turnos noturnos eram transportados pelo serviço que atendia ao Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) que já operava 24 horas por 7 dias por semana. E uma ronda especial de segurança foi estabelecida no bloco A do Centro Tecnológico onde se localizavam os laboratórios. Também, devido à essas dificuldades, foi planejado um processo acelerado de informatização para elevar sua produtividade e reduzir a necessidade de técnicos de madrugada e finais de semana.
Na década de 90, substituiu-se os três turnos formais por uma jornada estendida de trabalho (das 07:00 as 23:00h), com o período da madrugada destinado a operação automática dos instrumentos analíticos, sendo exemplo de como as instalações universitárias podem ser utilizadas em sua plenitude, reduzindo a relação custo/benefício do investimento em educação, ciência, tecnologia e inovação no Brasil.
CRESCENDO JUNTO COM A CIÊNCIA
O esforço de firmar-se em novas áreas provocou um redirecionamento das atividades, reduzindo a disponibilidade do LADETEC no atendimento à demanda industrial, porém atendendo a outras demandas da sociedade.
O aumento no número de solicitações para análises de fluídos biológicos, fármacos e amostras ambientais (ecologia humana e saúde ocupacional), levou a criação em 1989 do LABDOP para cuidar especificamente desse segmento analítico. A relevância da espectrometria de massas na solução de problemas em química e áreas afins a nível molecular, levou o estabelecimento do Laboratório de Espectrometria de Massas (LABEM), difundindo e formando profissionais nessa tecnologia.
A conscientização ambiental que acompanhou o processo de globalização levou à criação do Laboratório de Geoquímica e Orgânica Molecular e Ambiental (LAGOA), também em 1989, o qual absorveu as atividades do LADETEC voltadas para a prospecção geoquímica de petróleo, análise de materiais orgânicos geológicos em geral e petróleo e seus derivados em particular, bem como combustíveis líquidos sintéticos e renováveis, às quais reportavam a própria constituição do LADETEC e eram a ele associadas.
A expansão da demanda inicial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em 1989, para análise de resíduos em alimentos para atendimento de frigoríficos, provocou o surgimento do Laboratório de Análise de Resíduos (LAB RES) em 1994. Expandiu o número de substâncias detectáveis e também atuou na análise de dopagem em cavalos. Em 2023 foi substituido pelo LaConQ – Labtarório de Controle da Qualidade em alimentos.
O Laboratório de Calibração (LABCAL) inaugura o século XXI trazendo a autonomia em relação a calibração volumétrica. Pouco tempo depois obtém acreditação para o atendimento de demandas externas.
O Laboratório de Erros Inatos do Metabolismo (LABEIM), que atuou como suporte para a criação do LAB DOP, tornou-se parceiro do LADETEC, passando a integrar seus Laboratórios Associados em 2005. Atende a toda rede hospitalar do Estado do Rio de Janeiro para o diagnóstico precoce de erros inatos do metabolismo (EIM) e em um futuro próximo o serviço se estenderá a todo o país.
Em 2011 o Laboratório de Análises Geológicas e Químicas (LAGEQUIM) foi criado com o objetivo de caracterizar óleos, rochas, sedimentos e correlações óleo-rocha através das técnicas de Cromatografia Gasosa e Espectroscopia.
Essa base sólida permitiu ao LADETEC & Laboratórios Associados participar de grandes desafios nacionais que em contrapartida levaram a criação de áreas novas de atuação com a consequente ampliação do número de Laboratórios Associados.
EVENTOS TRANSFORMADORES
O LADETEC face ao domínio pioneiro de cromatografia gasosa da alta resolução e seu acoplamento a espectrometria de massas, viu-se requisitado para engajar-se na solução de necessidades urgentes da sociedade brasileira.
Assim, nasceu o LADETEC pela necessidade de o setor de combustíveis avaliar o impacto ambiental do uso do álcool como combustível e em paralelo aprimorar a prospecção geoquímica de petróleo com a introdução do conceito de biomarcadores na área de exploração da Petrobras, em 1984.
Em 1989 dois desafios importantes, a análise de resíduos de drogas veterinários rebanho bovino e equino nacional tornou-se necessidade imediata devido a interrupção dos exportadores em função de barreiras técnicas impostas pela Comunidade Europeia. Assim, o MAPA incentivou a estruturação dessa expertise no LADETEC. Simultaneamente a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), para realizar a Copa América de Futebol de 1989 no Brasil, solicitou apoio para a realização do controle de dopagem na competição. Ambos os esforços levaram a constituição do LAB DOP, mais tarde dividindo essa responsabilidade com o LAB RES.
A necessidade de acreditação dos ensaios segundo a ISO 17025 pelo INMETRO, levou a criação do LABCAL, para garantir qualidade e agilidade na calibração de instrumentos volumétricos.
O advento do controle de dopagem nos Jogos Pan-Americanos de 2007 levou ao início da preocupação com análises de proteínas e sangue, com a criação do Laboratório de Análise de Proteínas e Sangue (LAPS) e a tentativa de iniciar análises não voltadas ao alvo pela aquisição do primeiro cromatógrafo gasoso bidimensional abrangente acoplado a espectrômetro de massas por tempo de voo (CGxCG-EMTdV) da América Latina.
Finalmente, o enorme esforço para a realização do controle de dopagem dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Rio2016 levou a transformação do LAB DOP, por sugestão do Ministério do Esporte, no Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD). E a amplitude e profundidade dessa ação resultou em horizontes novos para o LADETEC e seus Laboratórios Associados.
HORIZONTES NOVOS
Superadas as convocações para enfrentar grandes desafios, a organização para participação em grandes eventos levou a criação de novos laboratórios tornando o LADETEC um dos laboratórios mais completos do Brasil, em termos de Análise Molecular Orgânica (AMO).
O Laboratório de Biologia Molecular e Proteômica do Sangue (LABMOPS) estabelecido em 2015 amplia as atividades para a genômica, hematologia, dopagem genética e pesquisas com aplicação em doenças negligenciadas. Possui um dos mais modernos parques de biologia molecular do país.
Em 2017, quatro novos laboratórios foram estabelecidos e associados a estrutura do LADETEC. No campo das ômicas o Laboratório de Proteômica (LABPROT) e o Laboratório de Metabolômica (LABMETA) utilizam os mais modernos equipamentos para expandir essas duas gigantes áreas do conhecimento com pesquisas e prestação de serviços.
O Laboratórios de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (LPDI) utiliza a metabolômica em suas investigações do peixe Danio Rerio (peixe-zebra ou paulistinha) como modelo alternativo para o metabolismo humano e para o diagnóstico de doenças neurológicas, como o mal de Parkinson. O Laboratório de Pesquisa de Agentes Anabólicos (LAPAA) atua em estudos endocrinológicos, principalmente em síndromes e distúrbios que envolvam esteroides, por exemplo a doença de Cushing.
DIÁLOGOS DE CONHECIMENTOS
Concebido em 2001, o Núcleo de Análises Forenses (NAF) formalizou suas atividades de serviços em 2018, firmando-se como um diferencial na química forense. O seu foco principal são as análises, investigações e pesquisas em matrizes forenses, utilizando técnicas analíticas de alto desempenho.
Em 2018 o Laboratório de Lipidômica e Bioquímica de Lipídeos (LipBio) se destinou a expandir a área de estudos em lipídios e lipidômica.
O Núcleo de Espectrometria de Massas e Ciências Ômicas (NEMO), em 2017 passa a integrar as atividades em genômica, transcriptômica, proteômica, metabolômica, petroleômica e com intenções de ampliar as possibilidades no conjunto das ciências ômicas. A prestação de serviços para instituições, indústria e pesquisas internas, está respalda pela qualidade dos equipamentos e na excelência do conhecimento científico dos profissionais envolvidos.
VERTENTES AMPLIANDO O EIXO CG e EM
O Núcleo de Geologia Molecular (NUGEM), desde 2019, integra o conhecimento em Geoquímica Orgânica Molecular de Alta Resolução (geoQUÍMICO) aos conhecimentos geológicos (GEOquímicos) relacionados a Sistemas Petrolíferos com foco, mas não exclusivamente, nos Brasileiros.
Flip Flop Ressonância Magnética Nuclear (Flip2RMN) em 2019.
Em 2019, o Núcleo de Análises de Alimentos (NAL) e a transformação do LAB RES em LaConQ vieram expandir as atividades na área de ciência e tecnologia de alimentos.
Em 2022 o Laboratório de Estudos Aplicados em Fotossíntese (LEAF), atuando em fisiologia e cultivo de algas em escalas laboratorial, piloto e industrial. Desenvolvimento de bioprodutos e tecnologias utilizando algas, torna-se associado ao LADETEC.
O Núcleo de Análises em nanomateriais (NANO), foi constituído em 2023 para a análise de sistemas nanoestruturados, além do desenvolvimento de tecnologias associadas a essas propriedades únicas.